sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Cotoco

Titulo: Cotoco
Autor: John van de Ruit
389 páginas
Editora intrínseca

È complicado pra mim, imaginar um garoto de 13/14 anos escrevendo um diário. Na verdade pra mim é complicado imaginar um garoto de qualquer idade escrevendo um diário. Diário parece uma coisa tão feminina não é mesmo? Ou só precoceito meu talvez.
Mas o de Cotoco é encantador, chorei de tanto rir e confesso que chorei de emoção em alguns momentos também.
Cotoco é um adolescente sul africano de 13 anos que esta indo estudar em um internato para garotos no ano de 1990, lá ele conhece mais sete garotos que com ele vão formar os Oito Loucos (um bando de garotos com o mais variados tipos de loucura que inventam qualquer coisa pra quebrar a monotonia da escola) e viver aventuras inesquecíveis, ridículas e muito engraçadas.
O livro gira em torno de coisas normais da adolescência, a montagem da peça da escola, as paixões da adolescência, as amizades e as loucuras que todo adolescente comete (com uma dose a mais de loucura é claro!)
Também aborda questões da África do Sul que ocorriam naquele momento como a libertação de Mandela, o apartheid e a guerra civil anunciada, porém de uma forma muito obtusa, afinal é a visão de uma garoto de 13 anos, que não deixa de ser interessante, mas esta longe de servir como um guia histórico da época.
Bem, cada livro reflete o momento pelo qual passamos, e por isso cada vez que lemos um livro temos uma visão diferenciada do resto do mundo, isso é mágico, as palavras tem um poder diferente sobre cada pessoa. Cotoco é engraçadíssimo, isso é o que a maioria diz, e eu concordo. Mas mais do que rir, Cotoco me fez ficar nostálgica, muito nostálgica. Todas aquelas “aventuras”, as conversas, os sentimentos, a relação com os professores e com os pais pirados, o trote no dia do aniversário, e todo o resto me fizeram lembrar a minha própria adolescência. Acho que fui a ultima geração que pude ter um pouco de contato com o mundo real, depois só vieram às gerações de MSN, Orkut, Playstation, e toda essa parafernália, que provavelmente não tiveram muitas aventuras iguais a de Cotoco, que provavelmente nunca vão saber qual é a alegria de escrever uma carta, que talvez nunca tenham a oportunidade de dançar juntinho porque é careta, de receber e praticar bulling na mesma proporção, porque na real, não tinha maldade assim e a gente tinha certeza que ninguém ia entrar na sala com um revolver no outro dia(o máximo que podia acontecer era vir com aquelas bombinhas fedidas que faziam o professor cancelar as primeiras aulas).
Cotoco me deu saudade de tudo àquilo que eu vivi que era careta, que era mico, mas era o máximo, porque foi minha história e eu sou o que sou por causa disso tudo.
Ao mesmo tempo me deu uma pena dessas gerações que estão crescendo e das que estão por vir ainda, do que eles não vão poder viver em troca de uma tecnologia que a gente não teve, e pra falar a verdade, não sei se é uma troca justa.
Poxa eu saí totalmente do foco, talvez seja a idade chegando...
O livro é muito bom e deixo como recomendação pra quem vai participar do DL2013 em fevereiro, vai rir muito, é isso!

Avaliação 4/5

Ps: quero deixar claro que não sou a favor de bullying e nem quero incentivar, mas quem viveu no meu tempo(que nem faz tanto tempo assim) sabe a diferença né?!

PS2: Cotoco me lembrou muito o “Diário da Princesa” numa versão masculina, seria bom se saíssem mais uns 10 volumes da obra também!

Este post faz parte do Desafio Literário cujo tema para o mês de novembro é "escritor africano"

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